sexta-feira, 5 de abril de 2013

Quem é mais sentimental que eu?


Quis me fazer notar... ensaiei um jeito de ser, sem pra quê, não dando tanto crédito às minhas preferências, fazendo pouco caso a coisas banais que até pouco tempo me tiravam o bom humor. Em um determinado momento, orgulho, vaidade e outros sentimentos vis perderam espaço na minha vida. Fiz anotações profundas e desenhos disformes em um papel de pão e depois o perdi propositalmente no meio da minha bagunça sentimental.

Caminhei de um lado para o outro do quarto olhando fixamente para o chão, na tentativa de encontrar uma definição para tanto silêncio. Olhei-me de soslaio pelo espelho do guarda-roupas e quase não me reconheci, tento que olhar por mais uma vez, rapidamente, agora fixamente. 

Fui até a estante e saquei livros aleatórios, folheei-os e fui devolvendo um-a-um, sem obedecer a ordem inicial, ao perceber que nada diziam de importante para aquele momento.

Olhei para a cama, ainda bagunçada, com objetos diversos em cima e simplesmente atirei-me sobre eles, quando percebi que algo tentava perfurar minhas costas, machucando-a, afastei imediatamente com uma das mãos sem me preocupar em olhar o que era. Agarrei-me ao travesseiro e surpreendi-me ao perceber depois de tanto tempo sua maciez e textura, nunca dantes observada. Por este ínfimo instante esqueci-me o que me levara até ali.

Como num espanto, voltei a mim e  agarrei-me àquele objeto de algodão como quem faz uma súplica pela vida agarrada ao braço do mais terrível algoz. As lágrimas, como que  propositalmente, começaram a se divertir,deixando rastros por onde passavam... enlameando  meu rosto pintado,  mesmo com todo o meu esforço em tentar contê-las.Fiquei assim por um bom tempo, “como quem partiu ou morreu” até pegar no sono.

“Quem é mais sentimental que eu? Eu disse e nem assim se pode evitar...”

Geovana Azevedo

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