sexta-feira, 7 de junho de 2013

Promessa é dívida



Prometi que contaria aqui uma história minha, dos tempos que vovó era gostosa, e cá estou para cumprir a promessa. Fiz uma enquete e os meus seletos e dispostos leitores escolheram a história: um beijo em troca de uma mão cheia de bombons. Que segue agora...

Era fascinada por bombons de bolinha,coloridos,com recheio de amendoim. Eu tinha apenas quatro anos na época e meu irmão, com cinco, ciente desse meu ponto fraco,encheu a mãozinha desses tais bombons e me ofereceu. A condição era que eu desse um beijo na boca do coleguinha dele, que tinha apenas quatro anos na época e só entregaria os bombons depois do beijo. Relutei, fiz cara e ensaiei um choro, tentei tomá-los a força e nada adiantou. A regra era clara: um beijo e os bombons em troca. Demorei muito para decidir, afinal, minha mãe tinha me ensinado que tinha que manter distância de meninos até “ficar grande”. O contato dos bombons  com a mãozinha do meu irmão, fechada, já suada por conta da minha demora, estava fazendo os bombons descolorirem e nada de decidir. Meu irmão, sacana desde sempre, percebendo o que me impedia de satisfazer sua vontade era o medo de uma surra de mamãe por beijar um garoto, fez a proposta mais indecente que eu já ouvi na vida:


- Vai, menina, beija logo que eu te dou a mão cheínha de bombons e  não conto nada pra mamãe, prometo!


Não contei conversa, arrochei “o beijo” no récem nascido que se chamava Cleitin. Lembro que foi um selinho babado, coisa mais sem graça da minha vida,mas que me fez ganhar os bombons, mesmo suados, como recompensa.  Na hora do beijo, apareceu gente de todo lado,gritando e eu me assustei. O sem vergonha do meu irmão armou um palco e havia combinado com todos os coleguinhas da rua que ia fazer isso, sem o meu consentimento, claro,  e todos ficaram escondidos esperando a cena clássica do beijo entre dois bebês. Quem tem um irmão desse não precisa mesmo de inimigo!

O tempo passou e meu irmão nunca esqueceu a cena. Ele  passou a vida toda me encabulando, não podia ver a família reunida que contava essa história e eu morria de vergonha. Ainda hoje me enche o saco me chamando de “namorada do Cleitin”. Ou melhor, o coitado do Cleitin não quis muita coisa com a vida e terminou morrendo em tenra idade por conta de atritos com um “amigo”. Enfim, a minha má fama como namorada do Cleitin durou muito tempo e agora, a mais ou menos dois anos, virei viúva do mala Cleitin, pode? Fala sério, ô bombom caro do caramba,nã!

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