Lembro-me que nossos olhos encontraram-se e, naquele instante, sentimos, mutuamente, uma sensação quase indescritível, uma
ternura mútua. Aquele brilho intenso no olhar, que lembra
olhos marejados, era o indicativo de que havia ali palavras que os lábios não
conseguiriam explicar, indicavativo de que estávamos inebriados por algo que
desconhecíamos a proporção e os porquês. Ficamos assim, por um bom tempo, como
especialistas que analisam um órgão, tentando decifrar os seus segredos e, sem
dizer uma só palavra, dissemos tudo. Sim, alguma coisa foi mudada de lugar, mas,
temerosos que somos, sentimos medo de não mais encontrá-la ou de nos perdermos
junto a ela, saciando, assim, um pedido, que não brota apenas dos olhos, mas dos
lábios que indicam com um beijo intenso, doce e lento, que aqui é o melhor lugar que podemos ficar.
Geovana Azevedo
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