Sempre me recusei a falar do amor, em seu sentido mais literal, afinal, desconheço suas proporções, seus efeitos, pois sempre me escapou, sorrateiramente, por entre os dedos, quando achei que havia finalmente o encontrado. Isso não quer dizer que estou me despedindo dele, prefiro que este seja, apenas, um breve relato de parte do que não vivi durante sua ausência.
A até bem pouco tempo atrás iniciei uma busca pelo “tal do amor”, queria saber como era seu rosto, o tom da sua pele, seus cabelos e a forma de andar. Comecei, então, a procurá-lo em todos os lugares que fosse, por mais inóspitos que se apresentassem, em todos os olhares, por mais vazios e distantes que se mostrassem, em todos os sorrisos, por mais “sem graça” que fossem, na ânsia de encontrá-lo.
Nessa jornada, recorri a inúmeros poetas, conhecedores natos do assunto, para que a minha busca tivesse um direcionamento: “o amor é um cuidar que se ganha em se perder”, diria Camões,“o amor é grande e cabe nesta janela sobre o mar” diria Drummond, ”o amor não se vê com os olhos, mas com o coração”, diria, por fim, Shakespeare. Será mesmo que existe um ser que materialize todas essas definições do amor?E se existe como poderia reconhecê-lo? Os mais românticos dizem que sim.
É...até aqui, confesso, fracassei na minha busca pelo meu amor e se o encontrei, distraída, não o reconheci. Claro que paixões avassaladoras já me tiraram do prumo e me fizeram gelar as mãos e sentir borboletas vivas no estômago, mas as paixões são efêmeras, como o próprio termo sugere, só provocam sensações imediatas. O amor, o amor genuíno, estado de graça e renúnca, este nunca me aturdiu com seus efeitos e por tanto desejá-lo, temo não mais querê-lo!
Concordo: o amor é um cão dos diabos, como preceituou Charles Bukowski!
Geovana Azevedo
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