Procurei pelas
gavetas, na estante de livros, na minha caixa vermelha de papéis sem utilidade,
nos álbuns antigos de fotografias e nas cartas recebidas, algo que me trouxesse
resposta para o que me inquietava. Não sei o que procurava, talvez o meu Eu que
amanheceu parecendo não ser mais meu. Sentei no sofá, apática, com os dedos dos
pés a brincar com os chinelos e a visão perdida no quadro colorido pendurado na
parede da sala. Como se fosse uma visita na minha própria casa, percebi que o
que procurava não estava ali, ao meu alcance, pois estava sentindo falta de mim
mesma. Pra onde fui que me esqueci de me avisar?Não deixei nada escrito,
avisando quando retornar, parti com uma mochila pequena nas costas, que só
cabia incertezas e a certeza que algo iria mudar.
O poeta já diria:
“às vezes nos sentimos assim, como quem partiu ou morreu”. Devo ter partido pra Pasárgada, aqui eu não
sou feliz e como lá sou amiga do rei, farei ginástica, andarei de bicicleta, montarei
em burro brabo, subirei no pau-de-sebo, tomarei banhos de mar. Quando estiver
cansada, deitarei na beira do rio, mando chamar a mãe-d'água pra me contar as
histórias que no tempo de eu menina Rosa vinha me contar. Fui embora pra
Pasárgada, nem adianta me procurar.
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