terça-feira, 25 de setembro de 2012

A política do Pão-e-Circo no cenário político teresinense


A política do Pão e Circo, na Roma antiga, era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. As autoridades acalmavam o povo com a construção de enormes arenas, nas quais realizavam-se sangrentos espetáculos envolvendo gladiadores, animais ferozes, corridas de bigas, quadrigas, acrobacias, bandas, espetáculos com palhaços, artistas de teatro e corridas de cavalo, enquanto a população, distraída com apresentações, comia pão e esquecia dos problemas políticos estruturais, devidamente camuflados. Alguma semelhança com a campanha eleitoral para chefe do executivo municipal em Teresina-PI?

Claro que o momento pré-eleição exige uma intensificação da campanha eleitoral dos candidatos, mas o rumo que a mesma tem tomado passou a ser alvo de boas piadas pelos pretensos eleitores teresinenses. Claro que já me peguei, diversas vezes, assistindo as propagandas eleitorais e dando boas risadas com as canções criadas pelos publicitários dos candidatos( confesso também que já me peguei cantando as ‘musiquinhas’ durante o dia!), mas a questão é: está havendo uma justa campanha eleitoral ou um duelo de titãs?

 A meu ver, o espaço midiático deveria ser utilizado pelos candidatos para a  apresentação de propostas de forma didática, para que os eleitores tivessem informações suficientes para escolher um candidato que pudesse atender às necessidades coletivas de forma mais satisfatória, atendendo assim, ao interesse público. No entanto, a campanha tem sido feita de forma deturpada, pois está havendo uma grande promoção pessoal dos candidatos, usando a máquina pública como um meio de promoção pessoal, ferindo “letalmente” princípios administrativos fundamentais, como a impessoalidade e a publicidade dos atos públicos, que condicionam a validade dos atos praticados pela Administração Pública. Cabe ressaltar, que a CFRF/ 88 em seu Artº 37 § 1º veda a promoção pessoal dos gastos públicos por atos produzidos no exercício da função pública. Desta forma, a publicidade indevida dos atos públicos deve ser combatida e punida pelas autoridades competentes e o princípio da impessoalidade dos atos dos agentes públicos deve reger as ações dos mesmos.

É importante salientar que “quem fez” ou “deixou de fazer algo” durante um mandato, não foi o candidato A ou o B, mas sim a Administração Pública, que tem recursos constitucionalmente assegurados através da arrecadação tributária e posterior repasse orçamentário para os entes federados. Os agentes políticos nomeados devem propor e prospectar recursos, mas ainda assim, “os méritos” das conquistas não podem ser reservados a eles e sim a Administração Pública.

Sim, nós, teresinenses, estamos envoltos a uma grande política de Pão e Circo com uma roupagem moderna para as eleições de 2012, onde o Coliseu cedeu lugar para as  nossas TV’s , computadores  e outros recursos audiovisuais e as feras e gladiadores foram devidamente substituídos por  talentosos humoristas locais, que “defendem” seus respectivos candidatos com uma habilidade nata e uma certa influência maquiavélica. Percebemos, com todo o embate político, que há um fortalecimento de posições, usando do artifício de desmascarar o oponente, evidenciando os “feitos dos candidatos”, enquanto investidos em cargos políticos, tudo transformado em canções satíricas e de cunho jocoso, animadas com instrumentos musicais que lembram a música da terra.

Outrossim, é necessário que a política local acompanhe o progresso da sociedade, que, ao longo dos anos, tem se mostrado mais consciente politicamente, pois tem mais acesso às informações e cobra pela transparência da gestão pública. Prova disso é a Iniciativa Popular com o Projeto de Lei intitulado Ficha Limpa, que se tornou o quarto projeto de lei de iniciativa popular convertido em lei pelo Congresso Nacional. Para se ter aprovado um projeto desta estirpe é necessário receber a assinatura de pelo menos 1% dos eleitores brasileiros – cerca de 1,4 milhão de assinaturas – divididos entre cinco estados, com não menos de 0,3% do eleitorado de cada estado. Muita coisa!

                E já que tudo tem acabado em música, espero que daqui a 11 dias o repertório dos teresinenses seja bem diferente do atual, debochado e com forte apelo humorístico, e  que o grande” regente”, eleito, coordene, dirija e lidere as atividades de maneira eficiente, com um grupo coerente e consiso e  como uma belíssima orquestra sinfônica, que permitirá que tudo fique harmônico em nossa querida cidade-verde.


Geovana Azevedo da Costa

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