Ao longo de todos os meus trinta
anos, colecionei medos bobos, como o de
não saber mexer em caixa eletrônico, de verem minhas pernas bambas naquela apresentação
da escola, de ficar no escuro sozinha, de alma penada, de mexer em computador
pela primeira vez e de precisar falar inglês para sobreviver. Guardei em
segredo muitos deles, num lugar bem escondido, bem sigiloso, porque sei que
beiram o ridículo, mas vez por outra consulto-os para resgatar e me livrar de algum
desses pequenos e inofensivos monstros que criei e alimentei por anos, à toa. Engraçado
que quando a minha caixinha de medos está quase vazia, sempre surge algum novo
e devastador para ocupar o espaço ocioso. Hoje fui surpreendida com o medo de
crescer. Analisando bem, este medo chegou com alguns anos de atraso e eu, inocentemente, por achar que não mais
viria, fui encontrada desprevenida, de portas ainda abertas. Crescer dói. Os
espaços ficam pequenos para o tamanho que você ocupa agora que “não cabe mais nas
roupas que cabia”. Crescer dói. Nada fica no lugar e falta lugar para tantos
móveis velhos e sem utilidade. Crescer dói mesmo, tá doendo, dilacerando a pele
e a alma, mas daqui a pouco acostumo e nem vai mais doer tanto assim. Nem vai...
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