segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Decretado

Tava pensando aqui no que  fazer pra mudar minha vida nesse ano de 2012 e cheguei a conclusão que o primeiro passo é perceber que eu já tô bem grandinha pra acreditar que vivo num mundo cor de rosa. Se a ordem é mata-mata, então teremos mata-mata.Aos estudos e saiam da frente que eu vou passar!

Dias de cão

Esses dias estou com uma urucubaca: quase morro de dor no estômago na sexta passada, puseram uma cadeira com uma pessoa em cima sobre o meu dedinho do pé e me queimei no cano quente da moto do meu pai e está uma ferida horrível. Nem vou me perguntar o que tá faltando acontecer, porque é capaz de dar uma tsuname no Piauí e me levar junto! saravá!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A toa

Eu sei que você sabe, que eu sei que você sabe que é difícil de dizer...

A chuva...

            Sempre me perguntei o porquê da chuva ter o estranho poder de nos remeter a momentos que a memória, prontamente, trás à tona através dos sentidos. Cheguei à conclusão que esse intimismo provocado nos força a um recolhimento, dentro de nós mesmos, e assim as lembranças, imortalizadas, são resgatadas com facilidade.
         Estava aqui ouvindo o barulho da chuva tocando o teto do meu quarto - um som abafado e distante, diferente dos tempos de outrora, quando podia sentí-la tocando suavemente meu lençol - e lembrei-me, que quando criança a chuva me presenteou com muitos momentos felizes.
       Lembro que, eu e minhas amigas, ficávamos olhando para as nuvens, no céu, na tentativa de descobrir se choveria ou não, para, então, iniciarmos nossas brincadeiras(as nuvens azuis sinalizavam que o dia seria propício para brincar e as cinzas que choveria).
 Quando víamos as nuvens cinzentas ficarem maiores, fazíamos uma dança para não chover, mas embora acreditássemos em nossos superpoderes, quase indígenas, nunca funcionava. Às vezes, um arco-íris surgia e ‘bebia toda aquela água’ e além de nos maravilharmos com suas cores agradecíamos por ele nos deixar brincar, sem precisar se molhar. Porém, quando o arco-íris não aparecia e a vontade de brincar era maior que ficar em casa, ficávamos na rua e banhávamos de chuva. Ah! Como era bom correr na rua com a chuva caindo sobre nós e descobrir que ‘entre um pingo e outro, a chuva não molha’.
        Lembro-me também que ficávamos sorrindo desmedidamente, sem motivos aparente, olhando uma para a outra, apenas observando a água nos transformar em ‘pintos molhados’. Vez por outra a água vinha com tanta intensidade que tínhamos que passar a mão no rosto rapidamente e até ficávamos sem ar ar por uns instantes. Quando já estávamos completamente molhadas, corríamos rua abaixo, e chutávamos as poças d’agua que se formavam com alguma erosão. Nossos pais nos gritavam de dentro de nossas casas, pedindo para que entrássemos imediatamente para não ficarmos resfriadas, mas ficar na rua, era muito divertido e, por isso ,ficávamos 'enrrolando' para entrarmos em casa, mesmo sabendo das consequências que teríamos quando resolvêssemos entrar.
        Depois de tão cansadas de brincar - rua a cima, rua abaixo - ou quando a chuva resolvia cessar, voltávamos, felizes e enssopadas, para nossas casas e, sob o olhar atento de nossas mães, tínhamos que fazer verdadeiro contorcionismo para não molharmos nossas casas, muito limpas e enceradas, e não ‘triscarmos’ nos móveis, lustrados com óleo de peroba, para não danificá-los.
      Depois era a hora do banho, não existe banho mais frio que banho tomado depois de um banho de chuva, (quanta redundância!), mas tínhamos que fazê-lo, não por nós, mas por nossas mães com seus‘olhos-de-lince’, que se mostravam como verdadeiras fiscais da limpeza.
      Depois do banho tomado tinha a ‘hora de passar o álcool’, ‘para matar os micróbios da água da chuva’ e, por fim, nos vestíamos e estávamos prontos para comer algo e ir dormir. Na hora de dormir, muitas vezes, a chuva voltava e nesse momento podíamos sentir outras sensações. Os telhados eram desprotegidos de forros e quando a chuva caia sobre eles, os pingos que não escorriam pelas telhas eram transformados em respingos, que ultrapassavam aquela peça de barro e tocava nossas peles, protegidas pelos lençóis. Às vezes, deixávamos apenas o rosto de fora do lençol para sentimos essa sensação de ter a  face suavemente tocada pelos respingos e assim, em pouco tempo, estávamos dormindo como verdadeiros anjos.
        Pena que não posso sair agora na rua e tomar um gelado banho de chuva. Então, só me resta ficar aqui no meu quarto resgatando essas memórias com cheiro de infância e terra molhada.

Geovana Azevedo